sexta-feira, 6 de julho de 2007

A TV invade a Internet

A televisão na internet já é uma realidade para muita gente. A qualidade da transmissão melhora rapidamente, o acesso se populariza e já existem centenas de opções disponíveis no mundo inteiro. A maioria ainda é muito limitada, mas já é possível assistir à uma televisão de Angola com a mesma facilidade com que se assiste à BBC de Londres, em casa, diretamente no computador pessoal. Para muitos é quase um sonho de ficção científica poder testemunhar, pela primeira vez e ao vivo, as imagens de lugares e culturas tão diversas, distantes e polêmicas como as distribuídas pela al-Jazira, aquela "televisãozinha" do mundo árabe que ousou chocar o mundo e desbancar a toda poderosa CNN nas primeiras imagens da guerra do Afeganistão.
Hoje já é possível assistir às TVs do mundo inteiro sem passar pela censura das agências americanas. Não é mais promessa para o futuro. É uma realidade simplesmente emocionante. E as opções de TV na rede crescem diariamente. Para checar a variedade de televisões do mundo inteiro consulte http://www.justoaqui.com.br.
Assim como a TV enfrentou o rádio hegemônico nos anos 50, parece que a verdadeira luta vai se travar na rede nos próximos anos. E pensar que tem gente que acredita em gastar bilhões de dólares em TV digital para produzir pouquíssimos canais, beneficiar os mesmíssimos donos e dizer a mesma coisa. É meio parecido com o que aconteceu com as TVs por assinatura. Pura decepção e enorme prejuízo. Mudamos para continuar na mesma. Tudo aquilo que a TV por assinatura prometeu e jamais alcançou - segmentação total - começa a ser oferecido pelas emissoras alternativas da internet. Com uma tecnologia acessível a quase todos, custos mínimos de produção e muita criatividade as novas emissoras virtuais estão se preparando para enfrentar o grande império da televisão aberta.
Não foram só os críticos e pesquisadores de televisão que já perceberam esse cenário. Alguns empresários visionários começam a investir alto no futuro das televisões da rede. Aqui no Brasil, a AllTV , a primeira emissora feita para a internet, está no ar desde de abril e, apesar das dificuldades de mais uma crise brasileira, continua crescendo e desenvolvendo uma nova forma de fazer televisão. A proposta de interagir com o público internauta durante 24 horas e o investimento de 2 milhões de dólares são, por si sós, ambiciosos. A programação ainda é limitada e se parece muito com uma rádio FM com imagens. Os apresentadores são jovens, desconhecidos, algo inexperientes, mas obviamente estão se divertindo muito com o que fazem e com a liberdade que desfrutam. E isso hoje em dia não é pouca coisa. Apesar das dificuldades e das críticas estreitas, é impossível não reconhecer o potencial do novo meio.
Agora mesmo, a AllTV está descobrindo aquilo que as TVs universitárias até hoje se recusam a perceber: a produção "livre" dos alunos de comunicação em sala de aula e nos laboratórios em seus projetos experimentais de vídeo. A emissora teve a ousadia de lançar uma convocação para todas as faculdades brasileiras que mantenham cursos na área para enviar seus vídeos, que serão exibidos e comentados durante a programação da emissora. A novidade fica por conta não só da ousadia da proposta mas, principalmente, pela coragem de exibir "tudo" que for enviado para a AllTV. Explico. Também não é à toa que as TVs universitárias desprezam tanto a produção dos alunos de jornalismo, publicidade e áreas correlatas. As TVs ditas universitárias sempre tiveram uma motivação e inclinações distorcidas para um excesso de marketing institucional. A sua produção e direção está nas mão dos interesses econômicos e políticos das reitorias. A produção de vídeos dos professores ou alunos em sala de aula é quase que totalmente desprezada e muitas vezes, ignorada. Cheguei a ouvir de um reitor de universidade particular que não queria nem ouvir falar de exibir os vídeos produzidos pelos seus alunos de comunicação.

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