quarta-feira, 21 de maio de 2008

Interoperabilidade, HD, personalização da publicidade, etc - trends

Tecnologia: interoperabilidade e HD dão o tom
20/05/2008, 16h35
Olhando a NCTA Cable 2008 sob o ponto de vista das tecnologias apresentadas no pavilhão de exposições e nas sessões técnicas, nota-se duas linhas centrais: muito foco na plataforma Tru2way (OpenCable), que permite a interoperabilidade plena entre tecnologias e dispositivos de diferentes operadores. É o sonho das plataformas abertas, mas tem um problema: só funciona nos EUA, porque não está adaptada a plataformas DVB (como as utilizadas no Brasil). Em todos os estantes de fornecedores, era grande o esforço em mostrar que o Tru2way está funcionando. Outra tendência tecnológica: alta definição. Além de já serem totalmente digitais, os set-tops que são desenvolvidos pelos principais fornecedores estão operando e HD, com uma novidade: é crescente a adoção do MPEG 4 como padrão de compressão da indústria de TV a cabo.
Há ainda uma infinidade de produtos para a conversão das redes em switched vídeo, ou seja, transformar as redes de cabo em plataformas multicast, evitando o desperdício de espectro. Muitos equipamentos para entrega sob demanda e, respondendo a uma provocação dos próprios operadores, muitas plataformas de entrega de publicidade segmentada. Nesses casos, contudo, tudo muito longe da realidade brasileira. Samuel Possebon, de Nova Orleans - PAY-TV News

NCTA Cable 2008
TV a cabo quer personalizar publicidade
20/05/2008, 16h39
Se existe um ponto comum entre o caminho que seguem gigantes da Internet, como Google, e as operadoras de cabo dos EUA é a idéia de que a mídia como um todo, e a publicidade especificamente, caminham para o narrowcasting, ou seja, para a segmentação. Para tentar provar esta tese, a convidada de honra do último dia da NCTA Cable 2008 (maior evento de TV a cabo dos EUA) foi Deborah Meyer, chief marketing officer da Chrysler. Como um dos grandes anunciantes do mercado norte-americano, a Chrysler passou a seguinte mensagem: "Vocês entendem de fragmentação porque inventaram fragmentação. Precisamos interagir e nos envolver mais como usuário, com interatividade, por isso os anunciantes estão indo mais e mais para a Internet. Queremos trabalhar com vocês para desenvolver a publicidade segmentada", disse a executiva. Era a mensagem que a indústria de cabo queria ouvir. Vale lembrar que em março deste ano as principais operadoras criaram o chamado Projeto Conoe, que basicamente é o esforço de desenvolver uma plataforma comum que permita aos anunciantes anunciar de maneira segmentada para os assinantes de TV por assinatura.
Foi uma resposta da indústria ao fato de o Google (e outros serviços de Internet) terem ultrapassado a TV por assinatura na venda de publicidade. A indústria de cabo dos EUA tem cerca de US$ 5 bilhões ao ano em receitas com publicidade, para um bolo publicitário de US$ 70 bilhões, aproximadamente.
O problema é que a o Projeto Canoe busca a publicidade segmentada, o que depende de plataformas avançadas de vídeo. E hoje 90% das pessoas nos EUA ainda assistem TV à moda antiga, ou seja, simplesmente sentando na frente da TV e escolhendo seu canal favorito. Cerca de 7% dos telespectadores têm DVRs, 2% assistem de forma online (pela Internet) e 1% usam vídeo-sob-demanda.
Ou seja, para que a personalização da publicidade seja uma realidade, as novas plataformas precisarão ser fomentadas. "Vocês têm todos os fios necessários. Ninguém está mais presente na casa do assinante do que o operador de cabo. Cabe a vocês fazerem isso", disse a executiva da Chrysler a uma platéia de operadores.
Trata-se de um sonho, contudo, distante mesmo para os operadores norte-americanos. Para que o conteúdo possa ser minimamente customizado, é preciso que as operadoras passem a adotar a transmissão multicast, ou seja, que sejam distribuídos sinais diferentes para assinantes diferentes. Para fazer isso é preciso que as redes adotem a tecnologia de switched vídeo, o que apenas as maiores operadoras de cabo estão fazendo, nas áreas mais populosas.
Para o padrão das redes digitais brasileiras (baseadas em DVB), por exemplo, ainda não há sequer produtos desenvolvidos para que as redes migrem para uma plataforma switched vídeo.

Novas plataformas, novos usos

Um dado interessante sobre o uso de DVRs nas redes americanas foi trazido por Patrick Esser, presidente da Cox, uma das maiores operadoras de cabo dos EUA. "Hoje, 25% das pessoas que têm DVR na nossa rede nunca assistem conteúdos de horário nobre no horário nobre. Quando discutimos essa questão do DVR, perdemos o foco. E o foco é que as pessoas querem o nosso conteúdo, gostam deles, mas querem controle. O modelo econômico pode estar na entrega online de publicidade, focada e customizada".
Essa lenta e gradual mudança de paradigmas no mercado de publicidade é, inclusive, atribuída à chegada do Google no mercado. "O Google é inimigo, mas foi muito importante porque ensinou que existe vida além do custo por mil, além de uma grande massa de espectadores para um mesmo conteúdo", disse Paul Woomington, presidente da Naked Communications, uma agência de publicidade considerada entre as mais inovadoras na pesquisa de novas plataformas. Custo por mil é o modelo tradicional das agências, em que o resultado de um investimento é medido pelo volume de pessoas atingidas por uma determinada campanha.
Segundo Steve Necessary, vice-presidente para o desenvolvimento de produtos de vídeo da Cox, o uso do VOD tem crescido muito nos EUA, na casa dos 50% ano a ano, mas ainda só um terço dos clientes estão usando regularmente (60% já experimentaram). "Não há risco em experimentar novas formas de entregar conteúdos de vídeo. O maior perigo para uma operadora é priorizar errado a sua oferta de serviços. Temos que tentar e temos que falhar em algum ponto", disse.
Bruce Campbell, presidente da divisão de mídia digital da Discovery, "o maior risco para os programadores em inovar é em modelos em que não temos muita alternativa. Veja o caso do iTunes, que tinha um modelo de preço único. Isso não funcionou para todos os provedores de conteúdo, e isso está mudando agora". Samuel Possebon, de Nova Orleans - PAY-TV News

NCTA Cable 2008
Analistas financeiros estão otimistas com a TV a cabo nos EUA
20/05/2008, 11h01
Se existe um momento em que a o entusiasmo natural em grandes convenções da indústria de telecomunicações dá uma certa arrefecida é quando analistas financeiros falam. Este ano, durante a NCTA Cable 2008, evento da indústria de TV a cabo dos EUA que acontece em Nova Orleans, o fenômeno foi o contrário. Analistas financeiros estavam particularmente otimistas com o futuro da indústria e com suas perspectivas competitivas, sobretudo em relação às empresas de telecomunicações.
"As operadoras de cabo estão crescendo em receitas, em banda larga e em voz, e isso é muito positivo. Também acho muito positiva a associação com a Sprint para a entrada no mercado de banda larga wireless", diz Ingrid Chung, vice-presidente da Goldman Sachs.
Jeffrey Wlodarczak, diretor da Wachovia Capital Markets, é ainda mais otimista: "as operadoras de cabo têm, nesse momento, um business plan melhor que as teles. Serviços como o FiOS, da Verizon, são bons mas vão levar anos para decolar. E para isso precisa investir milhares de dólares por assinante. O cabo, com o DOCSIS 3.0, poderá oferecer o que as redes de fibra óptica oferecem investindo algumas dezenas de dólares a mais por assinante". Para ele, a única coisa que as operadoras de cabo ainda poderiam fazer é continuar brigando para crescer em número de assinantes de vídeo, o que não tem mais acontecido. "Acho que as operadoras desistiram muito cedo de brigar para manter seu market share em número de assinantes".

DTH e wireless

Sobre a competição com empresas de TV paga via satélite, Chung acredita que no longo prazo o DTH perderá a sua principal arma, que é a vantagem no número de canais em alta definição. Ainda que hoje ela mesma recomende a DirecTV como um bom investimento, principalmente por conta dos resultados recentes.
Os analistas se mostram entusiasmados com os planos das operadoras de cabo dos EUA para o mercado de wireless broadband. "Acho que o investimento que está sendo feito na joint venture entre Comcast, Time Warner e Sprint é relativamente pequeno e se o negócio se mostrar bom, certamente outras operadoras poderão aderir e capitalizar o negócio", diz Douglas Mitchelson, analista senior da área de telecom e cabo do Deutsche Bank Securities. "O único problema é que ninguém testou efetivamente o modelo de negócios que vai sustentar o mercado de vídeo móvel", diz.
"Concordo que a mobilidade seja algo importante para as operadoras de cabo, mas ainda quero ver essa parceria com a Sprint funcionar na prática", diz Wlodarczak, em tom mais cauteloso. "Acho que o posicionamento das operadoras de cabo junto à Sprint é um movimento de defesa de mercado", diz Chung.

Web

Os analistas de mercado também se mostram bastante despreocupados com a concorrência que as operadoras de TV a cabo poderão sofrer em função da proliferação de serviços de vídeo via web. "Acho que esse não é um problema e, além disso, a web ainda não está pronta para conteúdos em alta definição. E no final, quem vende ao assinante a rede banda larga para ele acessar o que for é a operadora de cabo ou a tele", diz o Jeffrey Wlodarczak.
Sobre a recessão norte-americana, todos eles acreditam que os impactos ainda serão sentidos e que a crise é grande, principalmente por se abater sobre o setor imobiliário, que tem forte vínculo com o mercado de telecom. Mas apostam que os maiores prejudicados serão os canais de conteúdo premium e as operadoras de telefonia fixa, que tendem a ser os primeiros serviços cortados pelo assinante.
Sobre os melhores investimentos estratégicos para o futuro que as operadoras deveriam perseguir, o analista da Wachovia Capital Markets é conservador. "Eu acho que os operadores de cabo têm que gastar o que tiverem para concluir o processo de digitalização, liberar espaço nas redes para mais canais e começar já a pensar no DOCSIS 3.0".
"Eu não vejo nada fora da indústria de cabo que seja estratégico e que as empresas já não tenham", diz Ingrid Chung, da Goldman Sachs. Samuel Possebon, de Nova Orleans - PAY-TV News