quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

TV Digital ainda SEM Interatividade

TV digital estréia no Brasil sem interatividade
Publicado em 01.12.2007, às 09h35 Thiago Lúcio Do JC OnLine

A tão comentada e aguardada revolução da TV Digital brasileira, que estréia neste domingo (2) apenas em São Paulo, ainda não é para valer. O novo sistema, que substituirá o sinal analógico gradativamente, ao longo dos próximos anos, chega apenas para oferecer imagem e som de altíssima qualidade. A interatividade, uma das novidades mais aguardadas para o padrão, ainda não estará disponível. Em Pernambuco e boa parte do País, o padrão digital só deverá mesmo chegar às casas dos telespectadores no início de 2009, quando o sistema já deverá ter passado por uma série de testes e ajustes e os conversores, pequenas caixinhas que serão conectadas às TVs para receber o novo sinal, alcançado um valor próximo da realidade econômica brasileira.

Como a nova tecnologia levará alguns anos para se popularizar, os brasileiros continuarão recebendo o sinal analógico até 2016. Portanto, ninguém vai precisar correr até as lojas para comprar um conversor ou um novo aparelho de TV, já que a transição para o modelo digital será gradual. "As emissoras tradicionais vão existir ainda por muito tempo, já que o processo de desligamento da TV analógica será longo. Talvez demore até mais de dez anos", explica Paulyne Jucá, engenheira de sistemas do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), instituto de inovação que desenvolve aplicações para o novo modelo. "Nenhuma tecnologia surge de uma vez. Ela chega aos poucos e dura até 30 anos para se estabelecer", conta Fernando Andrade, gerente de produtos da Partec, empresa pernambucana que também cria projetos para a TV Digital.

De acordo com Paulyne Jucá, a interatividade não será uma realidade de imediato porque os receptores ainda estão em fase de testes. "Os aplicativos ainda não foram suficientemente testados e adaptados por cada fabricante", afirma. "Agora é o momento de experimentar", completa Andrade. Quando os primeiros receptores estiverem prontos para a interatividade, será possível enviar e receber informações das emissoras, que vão interagir, através de seus programas, com os telespectadores. Essa interação permitirá, por exemplo, que qualquer pessoa responda a pesquisas, consulte informações sobre a programação e até mesmo realize compras com apenas um click do controle remoto.

Segundo Fernando Andrade, os fabricantes de receptores só irão disponibilizar aparelhos prontos para interatividade após uma série de experimentações. "Existe a intenção de usar, mas as empresas precisam testar e amadurecer mais. Ainda vai demorar um pouco para que a interatividade chegue na casa das pessoas", diz. As experimentações para o novo padrão já têm sido feitas em todo o País há algum tempo. O próprio Cesar desenvolveu a primeira aplicação para TV Digital no ano passado, durante a transmissão da Copa do Mundo da Alemanha. Na época, cerca de cem mil pessoas nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul tiveram acesso, através de aparelhos adaptados para a tecnologia, a serviços interativos durante a exibição dos jogos.

Paulyne Jucá diz que os primeiros receptores a serem vendidos no mercado, que poderão custar até R$ 1 mil, devem vir somente com aplicações limitadas, fornecidas pelos próprios fabricantes. Com isso, a TV Digital brasileira nesses primeiros meses trará como novidade apenas a qualidade de som e imagem melhorada, além do novo formato da tela, que passará a ser mais retangular, como já acontece no cinema. "A previsão é que o padrão cubra todo o País em 2012", afirma Fernando Andrade. Até lá, haverá tempo de sobra para que o novo modelo consiga revolucionar a forma como a TV ainda é feita e vista no Brasil

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