segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"Éramos felizes e não sabíamos"

25/08/2008 - 08h52
"Éramos felizes e não sabíamos", diz diretor da Globo sobre novas mídias
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DIÓGENES MUNIZ
enviado especial da Folha Online ao Rio

A multiprogramação na TV digital não é uma opção para a Rede Globo, pois não trará mais anunciantes. A afirmação é do diretor de engenharia da emissora carioca, Fernando Bittencourt. Segundo o executivo, que debateu o assunto no Rio, os radiodifusores sentem saudades do tempo em que não havia ameaça das novas mídias ao seu modelo de negócios.

"No cenário de mídia, falando do passado, nós éramos felizes e não sabíamos. Isso há dez, 15 anos. A única forma de ver televisão era pelo ar", disse, lembrando o avanço da internet. Bittencourt participou na sexta-feira (22) do painel "Grandes Redes no Ambiente Digital", do 5º Fórum Internacional de TV Digital, ao lado de Frederico Nogueira, vice-presidente da Band, José Marcelo do Amaral, diretor de tecnologia da Record e Alexandre Sano, executivo de tecnologia do SBT.

Divulgação

"A TV aberta sobrevive de publicidade", lembra diretor global Fernando Bittencourt
O diretor global tentou convencer a platéia de que as emissoras não perdem audiência com as novas opções de informação e entretenimento --como DVDs e vídeos pela internet. Apresentando dados dos EUA, afirmou que a porcentagem de pessoas que vêem TV diminui, "mas a pizza da mídia cresce" --ou seja, fatiá-la em mais pedaços não teria afetado o número telespectadores.

Hoje, o Brasil tem quase 23 milhões de pessoas acessando a rede de casa. Segundo o Ibope, o crescimento no número de internautas tira pessoas da frente da TV no país.

Ao falar sobre a possibilidade de emissoras comerciais transmitirem mais de uma programação no mesmo espectro, o executivo recorreu à mesma metáfora culinária, mas para dizer o contrário. Segundo ele, não há motivo para as TVs oferecerem mais programações já que, neste caso, a "pizza continuará a mesma", com o mesmo número de anunciantes.

Milagre

Para a Globo, apesar de o sistema nipo-brasileiro de TV digital dar chance de transmitir quatro programações diferentes no mesmo espectro (em definição "standard", em vez de alta definição), isso está fora de cogitação.

"A TV aberta sobrevive de publicidade --essa não sabe se é analógica ou digital, quem sabe é a gente. Nós não temos dinheiro novo na TV digital. Então, se você assumir a multiprogramação, significa que o dinheiro que a gente tem é o mesmo para produzir mais de um, dois programas."

Julia Moraes/Folha Imagem

Para Globo, multiprogramação na TV digital não é uma opção comercialmente viável
De acordo com Bittencourt, "não tem muita razão a multiprogramação". "Com ela, você abre mão da alta definição --isso para mim é fatal. Entre uma e outra fico com a qualidade [de imagem]." Ao optar pela alta definição, as emissoras também evitam que novos "players" entrem em seu mercado.

Como de praxe, os representantes dos radiodifusores aproveitaram o evento para defender escolha do sistema nipo-brasileiro de TV digital com afinco, chegando a arrancar risadas da platéia. "É um milagre, gente", disse aos berros o vice-presidente da Band, Frederico Nogueira, sobre a nova transmissão.

A possibilidade de transmitir pelo menos quatro canais digitais na mesma radiofreqüência ainda está obscura mesmo para quem pretende empregar essa modalidade: as TVs públicas. Quase nove meses após o início das transmissões, há pouca definição governamental sobre o que pode ser feito para iniciar o uso de programações simultâneas por um mesmo radiodifusor.

O jornalista viajou a convite da IETV (Instituto de Estudos de Televisão)



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essa declaração de que não compensa uma emissora oferecer mais opções aos telespectadores mostra que a escolha do padrão japonês foi mais um erro cometido pelo brasil, foi para matar a mídia independente e manter a panelinha atual, mas se esse país evoluir como todos esperamos, o tiro vai sair pela culatra, a própria televisão brasileira vai enfraquecer, já que continuaremos tendo pouquíssimas opções na tv e o brasileiro mais endinheirado e mais culto vai ter nojo de tv (já acontece hj), ninguém mais vai ter o aparelho de tv em casa daqui 20 anos quando a web tiver conexão à 200 megas... pelo bem de todos nós.

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