Cable 2007
Indústria de TV a cabo dos EUA celebra a competição
07/05/2007, 23h24
Competição é o tema do evento NCTA Cable 2007, que acontece em Las Vegas esta semana e que congrega toda a indústria de TV a cabo dos EUA. O curioso é que ainda que a indústria de TV a cabo tenha crescido muito nos últimos anos, o número de assinantes dos serviços de vídeo está praticamente estável há pelo menos cinco anos (até com um pequeno descréscimo). O que o cabo nos EUA ganha, com muita velocidade, é espaço no universo do triple-play, ou seja, na oferta de serviços de voz, dados e vídeo. Então, o que se vê nessa Cable 2007 é muita ênfase nas conquistas onde o cabo tem sido competitivo (ou seja, no crescimento agressivo no mercado de banda larga e voz), mas pouca ênfase onde ele perde espaço, que é na oferta de serviços de vídeos, onde o DTH é o maior concorrente.
"Acho que nos últimos anos a competição que enfrentamos no nosso mercado de vídeo nos deixou mais ágeis para competir no mercado de banda larga e voz", disse Glenn Britt, CEO da Time Warner Cable. "Pelo menos, podemos comemorar que no mercado de voz só nós somos competidores à altura das teles, e isso é uma vantagem. No mercado de vídeo, já existem pelo menos três opções", diz Stephen Burke, COO da Comcast. As opções são a DirecTV, a Echostar e o serviço de vídeo eventualmente oferecido pela empresa de telecomunicações.
4play
O problema agora para a indústria de cabo é de onde tirar a quarta perna, ou seja, a possibilidade de oferecer serviços móveis. "A questão do quádruplo play ainda é complicada porque não sabemos se as pessoas comprarão serviços móveis de alguém que sempre vendeu serviços fixos para ele, e ainda há tecnologias novas, como o WiMax, que não sabemos se terão impacto ou se funcionarão", diz Britt.
Motivo de comemoração mesmo tem sido o avanço sobre o mercado banda larga. Nesse quesito, o cabo sempre liderou nos EUA, mas as teles até reagiram nos últimos dois anos e chegaram ao empate em termos de market share. Mas nos últimos seis meses o cabo voltou a vender bem mais que as redes ADSL, chegando a 30 milhões de usuários. A razão foi a mudança no padrão de velocidades. Já há operadoras de cabo nos EUA com pacotes de 50 Mbps, algo impensável para o ADSL comum. "O ADSL está virando o acesso discado da era da banda larga", provocou o COO da Comcast.
Vídeo-on-demand
Outro ponto enfatizado pelos operadores de cabo dos EUA como uma conquista recente são os serviços de vídeo-on-demand. "Oferecer o conteúdo mais recente de qualquer canal para ser assistido a qualquer momento não é algo que as operadoras de satélite consigam fazer, disse Burke. Aliás, essa tem sido uma batalha dos operadores, já que muitas programadoras não estão permitindo que as empresas de cabo, por conta própria, mantenham em seus servidores os conteúdos recentes exibidos, para serem assistidos quando o usuário demanda. Esse é o chamado "network DVR", ou seja, é o conteúdo gravado não no DVR do usuário, mas no headend. Há inclusive batalhas judiciais sobre o tema. "A contrapartida que estamos nos dispondo a dar para os programadores é desligar a funcionalidade de avanço rápido, de modo que eles tenham a certeza de que o usuário assistirá aos comerciais".
Sobre a competição com novas tecnologias, como Apple TV, Slingbox, portais de conteúdo pela Internet, Burke, da Comcast não vê maiores riscos. "Nos últimos 10 anos criamos novos negócios em banda larga, em voz e em TV digital, partindo sempre do zero. Estamos nos reinventando várias vezes. Novos 'gadgets' farão algumas pessoas mudarem o foco e olharem para outro lado, mas o que é central para a vida delas nós ofereceremos". Samuel Possebon, de Las Vegas - PAY-TV News
Cable 2007
Para FCC, política depende do benefício à competição
07/05/2007, 22h46
Se no Brasil ainda se aguarda uma discussão regulatória que começará a dizer se a chegada das teles ao mercado de TV paga é boa ou não para o consumidor, dependendo dos impactos negativos ou positivos desse movimento do ponto de vista concorrencial, nos EUA a briga se dá no mesmo tipo de arena, mas com uma posição surpreendentemente explícita do agente regulador (no caso, a FCC). Kevin Martin, chairman da agência reguladora norte-america, foi muito enfático ao falar para uma palestra de milhares de operadores de cabo dos EUA, na abertura da Cable 2007, que acontece esta semana em Las Vegas. "A política que eu sigo é em favor da indústria de cabo, quando isso significa fomentar a entrada do cabo onde ela será competitiva, como é o caso da Internet e do mercado de voz. Mas também é uma política ruim para o operador de cabo quando ele é o dominante e quando outras empresas querem entrar para competir no mercado de vídeo". Dito assim foi uma boa forma de azedar ainda mais as relações entre a FCC e os operadores de cabo dos EUA, que estão trocando farpas ultimamente. Ainda que Martin tenha reconhecido o trabalho fundamental das empresas de cabo em investir para expandir o mercado de banda larga, ele não se furtou a tocar nos temas polêmicos. "Eu tenho TV digital, dois DVRs, três pontos de TV por assinatura, acesso banda larga e uma rede Wi-Fi na minha casa, tudo contratado de uma operadora de cabo", disse Martin, para tentar diminuir a antipatia da platéia. "Mas eu quero que as operadoras de cabo não me obriguem a contratar um canal para eu ter outro, e quero que elas ofereçam aos seus assinantes os conteúdos gratuitos que as emissoras de TV aberta estiverem criando e oferecendo", disse, entrando em duas polêmicas ao mesmo tempo: a venda de conteúdos à la carte (canal a canal) e a compulsoriedade da distribuição dos conteúdos de multiprogramação das emissoras de TV aberta. São dois assuntos que a indústria do cabo evita discutir há pelo menos cinco anos.
Contra a neutralidade
"Sou, fundamentalmente, em favor da inovação", disse o chairman da FCC, lembrando ainda que é defensor de uma política de retorno de investimento para detentores de redes banda larga (o que significa não ser favorável a regras que obriguem a neutralidade de redes) e também favorável à plena interconexão entre as redes de voz, outro pleito da indústria de TV paga. Samuel Possebon, de Las Vegas - PAY-TV
Cable 2007
Indústria de TV paga busca seu espaço no mundo da "TV 2.0"07/05/2007, 21h33
Na NCTA Cable 2007, evento da indústria de TV a cabo dos EUA, que acontece esta semana em Las Vegas, não poderia haver outro assunto em pauta que não fosse o terremoto digital que afeta a indústria de mídia como um todo, pelo menos nos EUA. Afinal ,qual o papel do operador de cabo em um mundo em que o conteúdo chega pela Internet banda larga e pelo celular com cada vez mais intensidade? Obviamente, a hegemonia (pelo menos nos EUA) ainda é do cabo, assim como no Brasil ainda é da TV aberta, e não há sinais de que isso mudará significativamente no futuro. Mas nas três últimas edições, é cada vez mais comum ouvir operadores de cabo discutindo como estão perdendo espaço para a banda larga. Afinal, tudo o que surgiu de novo no universo da entrega de conteúdos nos últimos anos passa pela Internet, e não pelos canais tradicionais.
Mas, afinal de conta, onde entra o operador de cabo no mundo da "TV 2.0", no mundo em que as regras da Internet banda larga imperam? "Acho que a indústria de cabo ainda está tentando achar uma solução, e o principal problema passa pelas plataformas. Para fazer TV interativa, que seria o diferente, que seria aquilo que a Internet faz, não existe padronização, não existe um ambiente comum, como existe na Internet", explica a esse noticiário George Kliavkoff, Chief Digital Officer da NBC Universal. É Kliavkoff quem está tocando o projeto de joint venture entre News Corp. e aNBC e que pretende ser a primeira resposta de grandes grupos de mídia à revolução da Internet banda larga. "Na prática, o que os grandes grupos de conteúdo estão fazendo é encontrarem formas de levarem seus conteúdos à Internet, e não estão muito preocupados em como fortalecer as mídias tradicionais. Se a indústria do cabo quiser fazer parte do jogo, tem que se mexer rápido e dizer o que tem a oferecer", diz Kliavkoff.
É um paradoxo em termos: ao mesmo tempo em que o cabo nos EUA é responsável pela revolução da banda larga, que por sua vez é o que revolucionou a Internet, é justamente esse segundo momento da Internet que está incomodando o modelo tradicional de televisão. As operadoras de cabo respondem com o que pode: conteúdos sob demanda, pay-per-view, alta definição. Mas mesmo assim, o título "revolucionador da TV" vai para o YouTube, Apple TV ou para o Joost, que são serviços ou plataformas que só precisam de uma coisa ligada ao cabo: banda larga.
"A competição que o cabo enfrenta está sendo com algo pelo qual as pessoas não pagam, e é importante encontrar uma forma de combater isso sem tirar a perspectiva do negócio", diz Kliavkoff, que falou em painel nesta segunda, 7, durante a Cable 2007. Samuel Possebon, de Las Vegas - PAY-TV News
NCTA Cable 2007
Nos EUA, integração de conteúdos digitais é desafio07/05/2007, 14h26
Há dez anos, quando os brasileiros assistiam aos debates da maior convenção norte-americana da indústria de TV a cabo, o comentário que imediatamente vinha à cabeça era: "felizmente o Brasil está no estado da arte, enquanto nos EUA as redes são obsoletas e precisam ser inteiramente recontruídas". Isso foi há uma década. Este ano, na NCTA Cable 2007, que acontece esta semana em Las Vegas, o que nossa reportagem percebe é que as discussões hoje nos EUA só farão sentido no Brasil daqui a outros dez anos. A boa notícia para nós é que agora é possível aprender com os erros dos americanos.
Pelo menos é isso que fica das sessões de pré-abertura da Cable 2007, em que se discutiu a implementação, nos EUA, do OCAP (OpenCable Application Platform), uma espécie de middleware para sistemas digitais desenvolvido pelo fórum OpenCable que pretende padronizar os sistemas e o conteúdo tipicamente digital, sobretudo as aplicações interativas.
O problema dos norte-americanos é que metade dos 65 milhões de assinantes de serviços de TV a cabo já estão utilizando serviços digitais, mas existe uma infinidade de tecnologias e padrões utilizados em cada uma das operações. Cada operadora que se digitalizou ao longo dos últimos dez anos utilizou uma tecnologia, uma plataforma e um middleware de fornecedores diferentes, muitas vezes proprietários.
Isso torna a vida dos operadores e programadores muito mais complicada no que diz respeito ao desenvolvimento de conteúdos interativos ou avançados (que utilizam o potencial das redes digitais). Para entender, basta um exercício simples: imagine uma aplicação de votação pelo controle remoto, por exemplo, que precisa ser reprogramada para cada operadora, porque os padrões não são os mesmos e cada uma trabalha com uma configuração de set-top, uma configuração de headend e um tipo de rede.
Tudo indica que existe uma disposição da indústria para resolver o problema nos EUA. Os CTOs das três maiores operadoras se comprometeram, publicamente, a implementar o OCAP a partir do meio de 2007 "A migração é complicada por conta do imenso legado de plataformas diferentes que temos hoje", disse Chris Bowick, da Cox. "Muitos dos sistemas proprietários de hoje ainda não estão prontos para uma plataforma como o OCAP", disse Mike Hayashi, CTO da Time Warner. James Mumma, diretor de desenvolvimento de aplicações de vídeo da Comcast, vai na mesma direção e garante que levará adiante a implementação do OCAP.
Brasil
No Brasil, o processo de digitalização das operações de cabo e MMDS começou há pouco tempo, e o número de assinantes digitais nestas plataformas é pequeno. A maior parte dos assinantes de plataformas digitais está no DTH (cerca de 1,3 milhão de assinantes), que usa padrões diferentes dos padrões das redes de cabo e MMDS.
Existe, de qualquer maneira, uma maior uniformização das tecnologias no Brasil (Net e TVA, as duas maiores operadoras que já iniciaram a sua digitalização, trabalham com plataforma DVB), mas muitos aspectos, como o middleware, são bastante diversos. E, o que é mais grave, não existe absolutamente nenhuma discussão integrada entre a indústria de TV paga e o Fórum do ISDTV, o padrão de TV digital aberta. O que significa que qualquer aplicação digital que seja feita para a TV aberta terá que ser totalmente refeita para funcionar nas redes de TV paga. Samuel Possebon, de Las Vegas - PAY-TV News
NCTA Cable 2007
TV interativa: a difícil convivência com o mundo IP
07/05/2007, 14h30
Fato curioso que pôde ser notado durante a NCTA Cable 2007, principal evento do setor de TV paga dos EUA, que acontece esta semana, em Las Vegas: os operadores de cabo com plataformas digitais estão enfrentando, nos EUA, exatamente o mesmo problema que os operadores de celular enfrentam com suas redes de dados de alta velocidade (como as redes 3G). É a pressão dos usuários para que a mesma flexibilidade de acesso a conteúdos obtidos na banda larga se aplique à nova plataforma. No caso dos operadores de cabo, à TV interativa. Explica-se: hoje, o conteúdo interativo existente nas operações é fornecida pelo programador ou pelo operador, mas sempre com a autorização prévia do operador, que avalia se aquela determinada aplicação tem viabilidade econômica, se não degrada a qualidade do serviço, se funciona a contento etc. É a mesma dinâmica dos conteúdos das plataformas de telefonia celular. Mas no universo da Internet banda larga, com conteúdos colaborativos, produzidos pelos próprios usuários e com a proliferação de fontes de informação e liberdade de escolha, esse modelo em que o operador decide o que o usuário vai ter soa antiquado, soa "1.0".
Os CTOs (diretores de tecnologia) das principais operadoras de cabo dos EUA procuram restringir o problema a uma questão de negócio: "O que faremos com nossos conteúdos interativos é uma questão do que vai gerar valor ou não", diz Chris Bowick, da Cox. Para ele, abrir as aplicações das redes digitais interativas ao mundo IP, ou seja, dar a oportunidade para que terceiros desenvolvam conteúdos que serão acessíveis livremente pelo usuário, é algo complexo porque passa pelo limite de processamento das caixas, pela garantia de qualidade e pela segurança das redes.
James Mumma, diretor de desenvolvimento de aplicações de vídeo da Comcast, vai na mesma linha. "Para falar de IP e de acesso aos conteúdos de Internet por meio de TV interativa, não podemos confundir inovação com valor. Não é porque uma coisa pode ser feita que ela precisa ser feita".
Nova indústria
Hoje, já existe de maneira consistente nos EUA uma indústria de desenvolvedores e integradores de aplicações digitais para redes de TV por assinatura. São empresas que trabalham no desenvolvimento das aplicações interativas e avançadas. "Infelizmente, ainda não temos com esse tipo de provedor de conteúdo a mesma flexibilidade que temos no negócio de venda de canais, porque são muitas variáveis a mais a serem consideradas. A cadeia de valor na interatividade é muito mais complexa do que estamos acostumados", diz Mumma, da Comcast. Samuel Possebon, de Las Vegas - PAY-TV News
Programação
Vídeo-on-demand ainda está longe do cabo no Brasil07/05/2007, 23h45
Ainda que nos EUA o mercado de vídeo-on-demand esteja extremamente aquecido, ele ainda está distante dos operadores de cabo brasileiros. Segundo apurou este noticiário, ainda são limitadas as experiências e pequena a disposição dos operadores de investirem, no curto prazo, em plataformas de vídeo-on-demand. "Há muitos programadores, como é o caso da HBO, que nos procuram com soluções tecnológicas e modelos de negócio para o serviço de vídeo-on-demand, porque eles já têm isso aqui nos EUA. Mas por enquanto não vejo as operadoras brasileiras investindo nisso para o curto prazo", diz um executivo responsável pela compra de programação de uma grande operadora, ao comentar a notícia da Folha de S. Paulo desta segunda, dia 7, de que a HBO planeja lançar serviço de VOD de suas séries no Brasil. Há quem aposte, contudo, que o alvo da HBO sejam as teles, que pretendem ter serviços de pay-per-view e vídeo-on-demand, dentro do que a legislação permite, por meio de plataformas de IPTV. Samuel Possebon, de Las Vegas - PAY-TV News
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